QUE SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA

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sábado, 24 de dezembro de 2011

Meu Natal

“Meu Natal”
Pe. Igor Damo
Dizem que quando começamos lembrar-nos do passado, ou do tempo de infância/adolescência, “estamos velhos”. Pode ser verdade, mas a idade quanto mais avançada mais guarda recordações boas, geralmente do tempo de criança. Eu pelo menos, graças a Deus, recordo com alegria dos bons tempos de piá, como os meninos são chamados no sul do Brasil, e também em Planalto Alegre, um pequeno município do Oeste Catarinense, onde cresci.
     Quanto mais passam os anos aumenta a saudade da vida vivida no ninho familiar. Como não recordar, então, da alegria durante o tempo de dezembro, onde a grande festa do Natal contagiava a todos lá em casa: pai, mãe, mana, mano e eu.
     Lembro-me de quando a vizinhança se encontrava para fazer orações, motivada pelos chamados grupos de reflexão, uma experiência animada por nossa Igreja católica da Diocese de Chapecó, com a finalidade de ajudar a preparar o Natal. Geralmente os encontros aconteciam à noite para que mais famílias pudessem participar. As crianças ficavam sentadas ao chão, algumas rezavam, outras riam e aos poucos saiam para brincar de esconde-esconde, pega-pega, à luz da lua e das estrelas.
     Lembro-me como o clima Natalino era festivo. Antes do Natal começava a arrumação da casa. A mãe tirava as cortinas, trocava os guardanapos dos móveis, lavava os tapetes para ficar tudo bonito. Nada de luxo, bastante capricho. A sala era o lugar mais organizado da casa. Recebia outra dinâmica. Nela se estendia a relíquia de meus pais, seu Ivo e de dona Odila: um grande tapete, lembrança de casamento.
Interessante! Aquele tapete somente era utilizado no Natal. Nunca saía do armário em outras ocasiões. Em cima dele eram colocados nossos brinquedos, fotografias, flores, objetos religiosos, o quadro com imagem de Jesus.
Lembro-me que no dia de Natal uma porta da sala era aberta. Talvez inconscientemente, mas nunca meus pais abriam aquela porta em outro dia durante o ano. Por aquela porta a luz do sol iluminava e um ar puro entrava e tomava conta do berço familiar. Naquele ambiente enfeitado da sala, na noite do sábado Santo, quando chegávamos da missa e antes de dormir, colocávamos os pratinhos; cada um tem um jeito, mas na minha família cada um colocava seu pratinho para receber os presentes. “Eles não podem ser um maior que o outro, senão papai Noel não vem”, dizia minha mãe.
Lembro-me, claro, da fantasia! A gente acreditava em papai Noel até chegar a uma idadezinha avançada. Para nós, papai Noel passava de casa em casa, com seu burrinho, distribuindo presentes; quando perguntávamos por que não tinha o rastro de seu animal, diziam que sob as patas do burrinho papai Noel colocava penas de galinha. Nós acreditávamos, mas não crescemos bobos por causa dessas fantasias. Pelo contrário, penso que até espertos e contentes.
No “meu Natal”, o papai Noel era meu pai, minha mãe, pilares da família. De maneira alguma se assemelhavam a este de hoje que anda de helicóptero, desliza sobre a neve, e até está pendurado nas árvores das praças em forma de balão. O papai Noel lá de casa era justo. Nunca dava mais presentes para um do que para outro. Ele era discreto, humilde, simples, amoroso, nem se fantasiava com roupas vermelhas, cabelos e barbas brancas.  
Lembro-me do “meu Natal”. Dá saudade da primeira caixinha de chocolate, da primeira bola número três, do primeiro violão de quatro cortas, do primeiro carrinho caçamba, da primeira camisa, da primeira mochila para ir à escola.
É! Lembro-me do Natal mais pobre. Tenho saudade, também, do Natal mais pobre que vivi por causa de um comerciante injusto que acabou não pagando as sacas de feijão a meu pai; naquele Natal somente ganhamos as populares balas de bananas. Mas foram as que mais duraram e receberam valor, juntamente com as tradicionais bolachas, “pintadas” com a clara de ovo batida e enfeitadas com açúcar colorido.
Lembro-me, contudo, do sentido fundamental do “meu Natal”: o nascimento de Jesus Filho de Deus. Rezo para que as crianças de hoje se lembrem Dele sempre. Por causa dele, eu sempre tive um Natal feliz.
Feliz Natal!

               

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

 Lucas 1, 26 -38. 
Este trecho do evangelho traz presente o anuncio do Anjo a Maria. O anjo que representa aquele que é portador da boa noticia de Deus à Maria e a José, representantes do povo pobre de Israel, que escolhidos por Deus assumiram a encarnação de Jesus. Três elementos, pelo menos o evangelho de Lc aponta. Primeiro é questão da alegria. “Diz o anjo: ‘alegre-te cheia de graça”. Quer dizer! Ter sido escolhido para se engravidar de Deus deve ser motivo de alegria. Segundo elemento, a questão do encorajamento: Diz o anjo, “Não tenhas medo, porque encontras graça diante de Deus”. Neste caso Maria estava sendo desafiada à gerar alguém muito grande, importante para Deus e toda a humanidade. O terceiro elemento, é a questão do Espírito Santo. Disse o anjo: O espírito santo vira sobre ti e o poder do altíssimo te cobrirá com sua sombra. Isto mostra que realmente a vinda de Jesus é presença do espírito Deus. E a gravidez de Maria, o sim de Maria, possibilitou, o nascimento de um santo.  O Evangelho de Lucas faz memória do anúncio santo feito pelo anjo Gabriel à Maria. É o anúncio que marcou o amor pleno de Deus com o mundo. E hoje, evidentemente, temos que aproximar esta passagem de Lucas para a vida da gente. Ou seja, colocar-se agora no lugar de Maria e sentir Deus nos pedindo para deixar o espírito santo habitar em nossa vida. Em outras palavras, o evangelho pede para que todos, sem exceção estejamos engravidados do espírito santo para gestar em nós o projeto de Deus. Estejamos disponíveis ao chamado do Pai, e em comunidade, assim como Maria contribuir para o nascimento do salvador. "Natal é vida que Nasce".