Desde o século XIV, em meio aos pequenos artesões da idade média, as atividades econômicas da sociedade indicaram o caminho do individualismo, da independência econômica de cada proprietário. Até então, os artesões, pequenos e simples, sobreviviam organizados em associações de estilo mútuo, denominadas de “guildas”, com um ou dois aprendizes. Cada “guilda” impedia qualquer tipo de competição. Tinha como base o princípio da economia solidária. Neste sistema os pequenos comerciantes mantinham uma segurança considerável em comparação ao início da era moderna, época onde o sistema capitalista começou a se sobrepor.
Quando o espírito capitalista se infiltrou dentro do sistema de “guildas”, alguns proprietários passaram a ter mais dinheiro que outros, agindo de maneira competitiva. Fascinados por dinheiro perderam a modéstia, e, para aumentar os lucros empobreceram a outros. Além disto, iniciaram a exploração do freguês – cliente – consumidor.
Dentro desta lógica, há o que pode ser chamado “apetite da vantagem”, isto é, a prática onde um “come o outro” com a intenção de se sobressair nos negócios, e obter lucro sem medida.
Observa-se até agora, no tempo nomeado de pós-moderno, que a fome por dinheiro divide a sociedade, quebra as relações de fraternidade e fortalece um sistema econômico que controla a vida das pessoas, deixando-as insatisfeitas. Os segundos tornam-se valiosos; os feriados, principalmente os impróprios para o consumo, insignificantes; o desejo de fama e status, prioridade.
Por um lado, a atual economia de mercado incentiva a competitividade, o domínio das multinacionais e transnacionais que não estão em maus lençóis, assim como, segundo Max Weber, estava a classe média no período medieval. Por outro, atinge o agricultor familiar, o pequeno comerciante, os trabalhadores... Cada vez mais exclui o pobre de participar da fatia do bolo do crescente econômico: 1 bilhão no mundo, 46 milhões no Brasil.
Este sistema de mercado que eleva o “apetite da vantagem”, é visto pelos críticos como injusto, desumano, opressor e tecnicista. Responsável pela falência de trabalhadores que tentam competir, mas se sentem fracos diante da avalanche do grande capital, atua de maneira gulosa e “bebe” o sangue do povo.
Bem, disse Lutero quando criticou o sistema de especulação comercial, referindo-se sobre o comércio e a usura. “Eles tem, sob seu controle todas as mercadorias e praticam, sem disfarce, todas as atividades... aumentam e baixam os preços a seu talante e oprimem e arruínam todos os pequenos...”.
É urgente propor e construir uma nova economia e uma produção de riquezas numa perspectiva voltada ao humano, para o desenvolvimento da sociedade, naturalmente não nos moldes do sistema de “guildas”, contudo que preza pela vida.