Mais uma catástrofe ambiental aconteceu na região oeste de Santa Catarina nestes últimos dias. Certamente você tem acompanhado nos meios de comunicação a má notícia da chuva de pedras que atingiu alguns municípios da região oeste. Estive, inclusive, no município de Anchieta, também afetado pela chuva de pedras, e olhei de perto as conseqüências causadas pelo mau tempo, àquela comunidade. Querido amigo, amiga! Estou comentando isto porque neste ano, a Igreja católica, no Brasil, celebrou a Campanha da Fraternidade com a temática: vida do planeta. Modéstia parte, a Igreja está de parabéns por levar as comunidades e todo povo a refletir e rezar a questão ecológica. É verdade que para muitos este assunto incomoda, alguns não gostam, pois mexe com o erro histórico: o erro de destruirmos a natureza, a criação de Deus. A chuva de pedra que arrasou a muitos municípios nestes últimos dias prova as mudanças climáticas que estão ocorrendo, e mostra que não adianta as pessoas teimarem e continuarem explorando a natureza. É preciso criarmos uma espiritualidade ecológica e começarmos cuidar do planeta terra. Geralmente se explora a natureza para fazer dinheiro. O desejo desordenado pelo dinheiro leva a ações que machucam a natureza. Mas para que vale tanto dinheiro, se o dinheiro depois é gasto para recuperar saúde, casas, plantações... Também as águas envenenadas? Estamos em solidariedade com as famílias atingidas pela chuva de pedra em nossa região. Também em solidariedade com a natureza. É dever dos cristãos defender a vida da natureza. Para isso, teremos no dia 11 de setembro a Romaria da terra. Ela acontecerá no município de Irani/SC. Terá como lema “Deus criou... e tudo era muito bom”.
QUE SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Evangelização na cidade
O padre e a evangelização na cidade
Igor Damo
Texto provisório
Na época da cristandade a Igreja não preparou sua estrutura para enfrentar as mudanças da idade contemporânea, provocadas após a Revolução Francesa. Atualmente tem sentido dificuldade de acompanhar e interpretar as transformações sociais, econômicas e políticas, o que tem ocasionado deficiências - plausíveis de correção - na evangelização, principalmente no espaço urbano caracterizado por aceleradas mudanças.
O Plano de Pastoral de Conjunto, lançado à luz do Vaticano II (1966), com objetivo de refletir sobre a pastoral urbana, foi a porta de entrada para alguns avanços frente ao dilema de ser Igreja em um contexto onde as mudanças religiosas são também profundas. Mas, em parte, a Igreja ainda demora em mergulhar nas “águas da pós-modernidade” e, consequentemente, crescem suas carências pastorais.
Basta ir às comunidades para perceber as gritantes necessidades da Igreja. As atividades básicas estão difíceis de ser desenvolvidas porque há carências humanas, financeiras e de método. Por exemplo: poucas são as pessoas disponíveis para assumir o conselho de pastoral nas comunidades; as turmas de catequese encontram-se muitas vezes sem catequistas; as pessoas têm fugido dos encontros de formação; não são criadas novas pastorais e acabam as existentes porque faltam lideranças para coordená-las; a celebração da Palavra tem pouquíssimos adeptos; a liturgia concentra-se nas mãos de uma minoria; é tímida a criação de novas comunidades urbanas; paróquias e dioceses mantêm um número reduzido de agentes de pastoral, e outros sinais.
Há dificuldade de conhecer a cidade, sua realidade dinâmica, aprender e saber sobre a autonomia de seus cidadãos inteligentes, livres para construir e transformar, pensar e decidir, questionar e acreditar. Identificar, de modo especial, as necessidades das pessoas que habitam a cidade, visitando-as e dialogando com elas, é ainda mais complexo.
A estrutura social da cidade exige empenho dos que lideram a ação evangelizadora. É fato que, na cidade, a vida foi e está sendo ameaçada, prioritariamente a dos pobres. A cultura do individualismo afeta em cheio a vivência comunitária. Por outro lado, o empenho na ação evangelizadora no mundo urbano deve identificar e apontar para o “bom” que se expressa na cidade. Ela é lugar da esperança, onde as pessoas buscam vida nova. Nela também habita o sagrado, buscado por distintas formas. Estes aspectos, se bem valorizados, podem tornar-se instrumentos eficazes na evangelização, tendo em vista o fortalecimento do ideal de Igreja Povo de Deus “elevando todas as capacidades, riquezas e costumes dos povos no que têm de bom” (LG 13b).
Esta realidade exige um olhar “ad intra” - para dentro - de maneira especial do papel do clero neste contexto que sente o desafio de evangelizar na cidade. Não que seja do padre a responsabilidade pelos erros e acertos na missão de evangelizar. Porém, na atual organização hierárquica cabe ao padre avaliar-se. “Estive entre vós cheio de fraqueza” (1Cor 2,3).
É preciso, ao padre, coragem e abertura para interpretar seus sentimentos, vontades, inseguranças, posturas, limites, fugas e resistências diante desta nova realidade pastoral que se modifica constantemente; assumir o que está no imaginário, não ter receio do novo, não se acomodar, procurar manter-se próximo das famílias, buscar autoridade sem autoritarismo, esquecer as autossuficiências, fazer a liturgia agradável; ressignificar a pesada estrutura da Igreja, sempre em comunhão, aprendendo do Libertador: “Todos sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28).
A Igreja na cidade, naturalmente, tem de ser dinâmica, precisa ser visualizada (sem triunfalismo) por meio de práticas que geram comentários, debates, críticas ou elogios, seja nas famílias, bares, praças, lojas, escolas, empresas. O povo da cidade necessita de uma Igreja visível, que desperte sentimentos que assinalem a viabilidade da comunidade onde vale a pena estar para viver a fé ao redor de Jesus Cristo (At 8, 5-8).
Os pastores, neste sentido, têm função particular. Para isso, a Conferência de Aparecida (2007) pediu conversão! “Só um padre apaixonado pelo Senhor pode renovar uma paróquia” (DAp 202). Fazer pastoral de conjunto, trabalhar em comunhão com demais padres e lideranças, atualizar o método pastoral sem cessar, pode fortalecer a evangelização na cidade, antes mesmo das ideias esplêndidas chegarem. Deixar-se conhecer, marcando presença nas diferentes realidades e inculturando-se, despertará a participação de novos leigos e leigas. Ou será que as ovelhas seguirão pastores estranhos (Jo 10, 5)?
A Igreja, porém, tem de se converter na totalidade. Se ficar fechada como sacrário, perde sua presença pública. Se as transformações mais profundas estão sujeitas ao clero, a Igreja deverá investir em formar e apoiar padres de espírito comunitário, capazes de quebrar esquemas tradicionais para garantir maior interlocução ao evangelizar na cidade. No entanto, cada padre certamente pode descobrir e se colocar na sincera busca de um jeito adequado para viver seu ministério e evangelizar na cidade à luz de Deus, animando e despertando o máximo as pessoas para serviços e ministérios, realizando com qualidade as missas, as reuniões, as homilias, as bênçãos, a opção social sem perder o foco. “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jr 3, 15).
Perante esta missão, resta ao padre reconhecer-se pequeno “nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade...” (Fl 2, 3). Procurar a cada dia traduzir em práticas concretas os projetos sonhados à evangelização na cidade. Continuar a amar e a crer (1Jo 4, 16; 1Jo 5, 2). Amar porque tudo vigora quando tem um toque de carinho; crer, pois a fé em Jesus dará sentido à existência da Igreja na cidade. Principalmente, manter a gratuidade, as amizades, as relações fraternas, a espontaneidade, o carisma, os mesmos sentimentos do mestre Jesus (Jo 15, 13; Lc 15, 11s; Lc 10, 25s).
Receitas, porém, não existem! Mas seja cultivada a paixão. Assim costuma falar o Padre Domingos José Dias, um dos incansáveis evangelizadores na cidade: “Sem paixão na há evangelização”.
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