QUE SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A linguagem na pastoral urbana

A linguagem na pastoral urbana
Pe. Igor Damo
Estamos convencidos da importância da linguagem na sociedade? Ela é uma das principais ferramentas de formação na cultura atual. Por meio dela podemos pensar o passado, o futuro e construir nosso projeto de vida. Pela linguagem nos comunicamos com o mundo, com os diferentes grupos sociais, com suas concepções, maneiras de pensar e modos de compreender, entender e praticar o que é correspondente à vida.
A linguagem é um grande anseio de comunicar. À Igreja que tem como meta comunicar Jesus Cristo, a linguagem aparece como companheira inseparável da pastoral urbana. Ao mesmo tempo, é um desafio, pois precisa estar adequada à cultura atual facilitando o diálogo, sobretudo com os cidadãos envolvidos pela cultura urbana.
À Igreja é urgente uma linguagem atualizada, à luz da prática junto ao povo, perto das famílias, das crianças e jovens, nos vários espaços de convivência, aproximando o Evangelho das causas urgentes... Isso implica afirmar que, mais do que ontem, hoje é indispensável considerar os elementos constitutivos da linguagem, como: gestos, sinais, sons, símbolos e palavras.
Tem-se consciência, pois, de que o mundo plural é, no concreto, retrato da vitória das pessoas que gozam de um espaço de liberdade, de modo especial na cidade. Sabe-se como os conceitos, valores, tradições e patrimônio do passado não são aceitos com facilidade, especialmente pelas novas gerações. Adequar a linguagem para os dias de hoje, não significa abandonar convicções e valores. Significa querer aprimorar a transmissão, a fim de que os valores da fé sejam bem compreendidos e vividos pelas pessoas.
A Igreja corre o risco de manter uma comunicação funcional e viciar a linguagem, deixando-a ineficiente a este mundo dinâmico. Isto exige cuidado. É difícil perceber se a linguagem está descontextualizada, desconectada, ampla e pouca específica. É difícil saber ao certo se a fé anunciada aos homens e mulheres mais distantes é compreendida.
Sobre o conteúdo comunicado, não se tem dúvida. Jesus Cristo é o que deve ser comunicado. Porém, como comunicá-lo? Este é o entrave. Por isso, além da qualidade do conteúdo da mensagem, carece sempre aperfeiçoar o modo de expressá-lo; a comunicação se agrava quando há autoritarismo explícito, autoafirmação, defesa autoritária de ideias, demonstração de poder e posse da verdade. São poucos os que creem em verdades únicas, soluções prontas, como, às vezes, as autoridades eclesiais, ou mesmo os leigos, expressam.
Há pessoas, felizmente, convencidas da necessidade de ver as mudanças atuais de maneira positiva, aceitando-as e encarando-as com firmeza. Primeiro, porque as mudanças não são estáticas. Segundo, porque quem as rejeita se frustra, sofre, e os esforços podem ser em vão. Terceiro, porque temer a novidade é uma atitude inconveniente dentro de um novo tempo.
É preciso comunicar-se com o mundo assim como ele é! Evidentemente, é bastante difícil ter uma linguagem pertinente para todos; ninguém pode dizer que encontrou, até aqui, a linguagem mais adequada. A linguagem na pastoral urbana é um compromisso árduo, realmente desafiante. O primeiro desafio é escutar o mundo urbano; aprende-se a “falar” quando se escuta! Um segundo desafio é saber administrar o princípio da universalidade da Igreja. Geralmente o discurso é interpretado a partir dos padrões socioculturais do local. Um terceiro desafio é assumir que a estrutura paroquial desconsidera a diversidade das comunidades, e a linguagem está, ainda, distante de cada particularidade.
A linguagem nasce e/ou nascerá, por outro lado, quando realmente existe o desejo de se comunicar com a pluralidade do mundo. A partir do momento em que a Igreja se abrir a esta realidade, manterá vivo o sonho do Reino, pois a linguagem na pastoral urbana é um instrumento essencial para promover o que a Igreja pretende difundir, comunicando Jesus Cristo com eficiência à sociedade urbanizada. Isso é possível!